Querido Felipe,
Chegando em Roma dia 23, encontramos sua carta e a de Maria Helena, que nos deram o maior prazer. Terá você recebido duas minhas, e Edméa, por sua vez, respondeu a todas de Maria Helena. Esperamos que a Dulcinha esteja boa de todo, e que os avós de Maria Helena se tenham recuperado, apesar da idade, das crises que estão atravessando.
Nossa ida à Itália foi demasiado rápida, mas serviu como sempre para nos reabastecer, por algum tempo, das imagens italianas. O Hotel Rafael tinha a qualidade de ser um pequeno e confortável hotel de hoje, na carcaça de uma velha casa, a dois passos da Piazza Navona, e situado num pequeno largo triangular, dos mais encantadores. Não circulamos muito. A doença me tem limitado os movimentos, mas como estou visitando lugares conhecidos, uma concentração em poucas coisas não se mostra inconveniente. Em Roma revi com especial cuidado o Cavalini de Sta. Cecilia in Trastevere, que ainda achei mais belo e mais importante que das outras vezes. Também os dois grandes Berninis, o Museu Etrusco, uma exposição de arte Hitita, e muita pintura moderna nas galerias dos marchands. Como passeio, o melhor foi a Appia Antica de ponta a ponta, e um jantar em Frascatti. Encontramos Paris, neste fim de junho, com menos de 20°, coberta de bandeiras em homenagem à visita do rei da Cambodgia. Já recomecei a ginástica e hoje revimos os impressionistas do Jeu de Paume, sobretudo os do 1º andar (V.Gogh, Cézanne, Gauguin e Monet).
Jantamos com o Juscelino, que está muito forte de ânimo, mas não foi possível conversar sobre o Brasil. Amanhã ele ficou de passar por aqui depois do almoço para fazermos uma análise.
Já marquei nossa volta na Panair para o dia 14. Embora haja algumas razões para adiar a volta, não quero deixar de estar aí no dia 18. Edméa pensa do mesmo modo, e assim sendo, a volta está decidida.
Você não me tem dado notícias do Cápua. Voltou ao trabalho? Está refeito?
Mande notícias de todos e receba com M.Helena e as crianças a minha benção e as nossas saudades
Papio