O SR. SAN TIAGO DANTAS – Sr. Presidente, não é sem emoção que subo pela última vez os degraus desta tribuna, para apresentar a V.Exa. e aos nossos eminentes companheiros de legislatura as minhas despedidas, ao renunciar ao restante do meu mandato de Deputado Federal, por haver aceito a designação do Exmo. Sr. Presidente da República para representante permanente de nosso País junto à Organização das Nações Unidas.
Esta decisão, Sr. Presidente, tomei-a comigo mesmo, no recesso da minha consciência, depois de medir amadurecidamente os argumentos que pesavam contra e a favor desta atitude. Pesava contra, especialmente, o meu desejo de levar até o seu último dia o mandato com que me honrou o povo de Minas Gerais, e que aqui procurei desempenhar com os olhos postos nos exemplos mais dignificantes da tradição política de Minas, consultando sempre os interesses superiores do País, a índole do regime, e essa particular preocupação de legalidade, que está na base das nossas tradições democráticas (muito bem!) e, que seguramente, representa o ponto mais rico, a inspiração mais fértil da nossa vida pública.
Desejava, também, Sr. Presidente, não afastar-me do Congresso num momento em que a vida política do País apresenta contradições tão graves e vê delinearem-se, a cada passo, problemas que assumem feições de crise. Sabemos bem que essas crises já não poderão abalar os alicerces das nossas instituições, (muito bem!) porque, se há algo que tenhamos conquistado nos últimos anos da nossa história política, é, seguramente, a confirmação da convicção democrática, esse amadurecimento político, que se incorporou à nossa experiência, e que permite tenhamos hoje a certeza de estarem conjurados, de modo permanente, os riscos, que nos saltearam tantas vezes, dos regimes de exceção, e das tentativas de quebra da continuidade da vida democrática, mediante golpes de Estado. (Muito bem! Palmas.)
Inscreve-se hoje o nosso País no número daqueles em que a democracia deitou raízes profundas e em que o estilo democrático de vida tornou-se, para o povo, uma parte de sua razão de ser. Nem os totalitarismos da direita com seu primarismo feroz e com sua violência posta a serviço de interesses particulares, nem o totalitarismo da esquerda, procurando implantar, numa democracia, métodos de ação direta, que na verdade dão ensejo a ditaduras aparentemente temporárias, mas, na verdade, de duração indefinida, nenhum dos dois logrará mais vencer, na pujante comunidade política que formamos, esta vocação democrática…
O Sr. Mário Gomes – Que Deus o ouça.
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