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Francisco Campos – Logos e Pragma

Ergo-me emocionado, Sr. Professor Francisco Campos, para tributar a V. Ex.a as homenagens da Comissão Jurídica Interamericana, onde tive a honra imerecida de substituí-lo como delegado do Brasil.

Julgou-se V. Ex.a, por motivos em que não nos é facultado penetrar, que devia deixar o posto, a que dedicara doze anos de sua incomparável atividade intelectual. Quer a Comissão exprimir a V. Ex.a o seu pesar por esse afastamento voluntário, que vem privá-la da colaboração de um dos mais ilustres jurisconsultos americanos, e o seu reconhecimento pelos serviços que lhe deve, como delegado e como presidente.

Coube a V. Ex.a substituir, numa e noutra qualidade, um dos nossos maiores homens públicos. A figura de Afrânio de Melo Franco, nimbada de uma legenda de idealismo pacifista, que lhe deu, mais do que a qualquer outro homem de Estado brasileiro depois de Rio Branco, projeção continental, estava indissoluvelmente ligada à Comissão Jurídica, desde quando a presidira, com as funções e a denominação de Comissão Interamericana de Neutralidade.

Para substituí-lo foi o governo brasileiro buscar, na pessoa de V. Ex.a, um jurista que dominava e abrangia todos os ramos do direito, mas que até então não se projetara, por exceção talvez, única, no campo específico do direito internacional.

Chegava V. Ex.a naqueles anos, ao mesmo tempo, ao apogeu da sua carreira política e à plenitude da sua inteligência. Sua presença na vida intelectual brasileira começara a se fazer sentir desde os bancos acadêmicos, de quando datam as páginas lúcidas e amadurecidas do seu discurso Democracia e Unidade Nacional, e se afirmara, pouco depois, num concurso famoso, que lhe deu ingresso à Faculdade de Belo Horizonte, como professor de Filosofia do Direito, com duas teses de cerrada erudição e ardente originalidade.

 

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